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Globo compara atentado na Argentina a morte de petista

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Foto: Reprodução

Não, não foi Bolsonaro quem atentou contra a vida de Cristina Kirchner. Mas foi um brasileiro, neonazista, que se tivesse título de eleitor votaria em Bolsonaro. Sim, eu quero dizer que a tentativa de assassinato da vice-presidente da Argentina tem todas as cores do delírio autoritário, intolerante e demoníaco que alcança parte importante, mas não majoritária, do eleitorado que apoia a reeleição do presidente do Brasil.

Fernando Andrés Sabag Montiel, autor do atentado frustrado, é mais um dos muitos fascistoides imbecis que se espalham pelos quatro cantos do mundo, estão no Brasil e na Argentina inclusive. Além de irados e intransigentes, são misóginos, homofóbicos e racistas. Politicamente são contra qualquer tipo de representação, defendem a força como regime e obviamente se opõem ao debate de ideias.

Na Argentina, são contra a esquerda representada por Cristina e que se assemelha ao trabalhismo do PDT no Brasil. Aqui, seus inimigos são o PT e Lula. O autor do atentado de Buenos Aires se parece com Jorge Guaranho, o bolsonarista que invadiu uma festa em Foz do Iguaçu e matou o aniversariante por ser petista. Os dois crimes são de intolerância política.

Nenhuma dúvida que há também intolerantes cegos e perigosos na esquerda. Mas quem hoje no Brasil está com as mochilas e os bolsos cheios de armas e balas? Vai ter gente para dizer que o atentado sofrido por Bolsonaro na campanha de 2018 foi praticado por um militante do PSOL. Adélio Bispo de Oliveira foi mesmo filiado, mas estava desligado do partido havia dois anos no momento da facada.

Segundo laudo médico expedido há duas semanas, Adélio continua representando perigo para a sociedade por sofrer de transtorno delirante. Ele tem um distúrbio que o tornou inimputável perante a Justiça e está detido em unidade psiquiátrica. Diferente de Guaranho, que expôs seu inconformismo a tiros apenas porque sua vítima tinha uma posição política diferente da sua e a manifestava publicamente.

Quer dizer que um militante de esquerda não pode fazer um ataque como o de Fernando Montiel contra Cristina Kirchner? Pode, sim, mas é muito menos provável. O extremismo que se conhece hoje no Brasil é o da ultradireita que apoia um dos seus. Ninguém ignora que Jair Bolsonaro é um extremista de direita. Não se pode dizer que ele seria capaz de pegar um revólver e disparar contra a cabeça de um adversário de esquerda, como Montiel tentou fazer. No entanto, foi ele quem sugeriu fuzilar FH e lamentou que a ditadura não tenha matado uns 30 mil, não se esqueçam.

O extremismo de esquerda no Brasil é poeira, nem pontua nas pesquisas eleitorais. O PT não é extremista. Tampouco o PSOL, o PSB ou o PDT. Os que pregam a mudança do modo de produção capitalista são os remotíssimos PCB, PSTU e PCO. É verdade que daí pode sair um lobo solitário como Montiel. Mas eles são poucos e não estão poderosamente armados, como os extremistas do capitão.

O atentado contra a vida de Cristina vai repercutir nas campanhas no Brasil. Em primeiro lugar, prova que é urgente reforçar vigorosamente a segurança dos candidatos, sobretudo de Lula. A imagem do ex-presidente passando e cumprimentando militantes na Praça da Estação em Belo Horizonte, depois de um comício, é parecida com a de Cristina chegando em casa, cercada por militantes, até se deparar com uma arma apontada para a sua cabeça a 30 centímetros de distância.

O mesmo cuidado deve-se ter com Bolsonaro em suas caminhadas e motociatas. Verdade que, na qualidade de presidente, há sempre uma varredura prévia por policiais federais dos locais que ele frequenta. Seus seguranças são treinados e carregam escudos de aço em forma de pastas que se desdobram rapidamente para protegê-lo de eventual ataque. Mas, atenção, Cristina Kirchner tem cem (100) homens na sua segurança. Mesmo assim, deu no que deu.

O fato é que o ódio político crescente é capaz de fazer vítimas e mártires. No Brasil, nos dois meses que nos separam do segundo turno, todo cuidado e vigilância é pouco. E sempre é bom lembrar que só a democracia garante um caminho seguro para a paz.

Jair Bolsonaro não reagiu quando Ciro Gomes disse, no debate da Band, que ele corrompeu sua mulher, suas ex-mulheres e todos os seus filhos. O presidente candidato pode até argumentar que não respondeu porque as regras do debate não permitiam, mas no íntimo ele deve ter dado graças a Deus por não ter que mergulhar naquele assunto. Naquele pântano, na verdade. O presidente candidato não tem mais como esconder o mau cheiro da corrupção que exala. Todo mundo já sente, menos seus renitentes eleitores.

Foi um erro do TSE ceder ao pedido insistente do ministro da Defesa, general da reserva Paulo Sérgio Nogueira, de fazer um teste de urnas durante a eleição com a participação de eleitores. Testes como este já foram realizados inúmeras vezes, em simulação. Atender ao ministro é o primeiro passo para o tribunal se tornar refém ou tutelado. Se a ideia era dar um sinal de boa vontade, foi exagerado. Se uma pressão insuportável tiver sido a causa, o problema é ainda maior.

No Brasil, sempre, em qualquer governo, a culpa de qualquer erro da administração pública é da imprensa. Nos últimos anos, Lula, Dilma e agora Bolsonaro acusam a imprensa de apurar mal, ter viés político, exagerar nas tintas. O PT diz que os jornalistas se aliaram a Moro e ao MP para destruir Lula e depois Dilma. Como se não tivesse havido um mensalão, um petrolão, um tríplex, um sítio e algumas pedaladas. Bolsonaro, coitadinho, diz que é perseguido pela imprensa por querer acabar com a corrupção na política. Abusado, esquece os mais de 40 crimes de responsabilidade que cometeu, entre eles a sua inação na pandemia, seu ataque permanente à democracia, seu histórico pessoal e familiar de corrupção, além da sua aliança com o Centrão. Se a vida do jornalista não tem sido fácil, vai piorar no ano que vem, com Lula ou Bolsonaro, mas sobretudo com este.

Tem coisas que não saem da pauta e, entra campanha, sai campanha, elas voltam como realização ou promessa de candidatos. A transposição do Rio São Francisco, por exemplo, é pauta desde o século 19 e continua ainda hoje nos programas eleitorais dos candidatos. Bolsonaro diz que concluiu, Lula diz que iniciou as obras. A burocracia estatal é outro assunto que frequenta o noticiário e desperta o interesse dos políticos desde 18 de julho de 1979, quando Hélio Beltrão foi nomeado como primeiro ministro da desburocratização do país.

Interessante ver como nesse governo ninguém respeita ninguém. Quem puder, pisa no pescoço do outro sem a menor cerimônia, mesmo que seja um velho ou bom aliado. Já vimos muitos pescoços pisados desde fevereiro de 2018, quando Gustavo Bebiano, um bom aliado de Bolsonaro, foi demitido por intrigas de um dos zerinhos. Houve muitos outros, inclusive generais. Agora foi a vez da empresa que há mais tempo apoia o capitão, a fabricante de armamentos Taurus. O Exército anunciou que deve parar de fiscalizar armas importadas, permitindo que qualquer arma, de qualquer calibre, entre no país se tiver sido inspecionada no país de origem. A medida atende aos CACs, mas sacrifica a indústria nacional, que seguirá tendo de cumprir as regras rígidas do Exército. É que os CACs são pessoas físicas e votam. A Taurus só dá dinheiro, e dinheiro neste momento não falta em razão do fundo eleitoral. Não é mesmo, capitão?

A pesquisa feita pela HSR Specialist Researchers que revela o perfil conservador da geração Z, jovens de 18 a 25 anos, talvez explique porque Jair Bolsonaro tem apoio eleitoral expressivo neste segmento do eleitorado. Embora Lula seja majoritário, os números do candidato à reeleição seriam impensáveis na época dos caras pintadas. Mario Covas um dia disse a Ulysses Guimarães, quando disputava com ele a presidência do MDB, que “as pessoas nascem progressistas e morrem conservadoras”. A garotada da geração Z nasceu conservadora, o que é novidade. Resta ver como envelhecerá.

O PT se pela de medo do conservadorismo, sobretudo o de caráter religioso. Os eleitores evangélicos, que se manifestam majoritariamente a favor de Bolsonaro, estão entre os principais objetivos eleitorais da campanha de Lula. Por isso, aliás, alguns dos formuladores da estratégia petista acham que é preciso salientar cada vez mais o desamor de Bolsonaro à vida. À vida alheia, é bom que se diga. Vale relembrar sempre e onde for possível a famosa frase “eu não sou coveiro” e as imitações absurdas que fez de doentes de Covid arfando por falta de ar.

O Clube de Regatas do Flamengo tem atrapalhado a economia nacional. Sua série de vitórias, com futebol vistoso e envolvente, faz com que os torcedores gastem muito tempo falando de futebol, vendo reprises dos jogos e mesas redondas na televisão e, com isso, trabalham e produzem menos. Rodolfo Landim que se cuide, daqui a pouco pode receber uma ligação de Paulo Guedes reclamando.

O Globo 

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